Ginecologia - Fim da mamografia?

Após a publicação, nos maiores jornais e revistas do mundo, dos resultados do grande estudo populacional canadense sobre câncer de mama, muitas pacientes me perguntaram se deveriam continuar fazendo mamografia anual.


Bem, uma questão tão complexa não tem como ter uma resposta simples.


Para as que não leram as matérias nos jornais, o estudo acompanhou durante duas décadas mulheres de 40 a 60 anos que foram divididas em dois grupos: no primeiro, elas eram submetidas à mamografia rotineiramente. No segundo, elas passavam por exame clínico anual apenas. Para a surpresa de muitos, a mortalidade por câncer de mama foi a mesma nos dois grupos, desde que o acesso aos tratamentos complementares como quimioterapia fosse irrestrito a todas. Isso contrariou o conceito estabelecido de que a mamografia diminui a mortalidade por permitir o diagnóstico da doença em fase mais precoce.


Segundo os autores do estudo, a mamografia aumenta o número de diagnósticos, mas não impacta na sobrevida. A ideia é que existem tumores agressivos, para os quais o tratamento deverá ser também agressivo e, cuja mortalidade é alta, independentemente do momento do diagnóstico. Paralelamente, para tumores menos agressivos, um diagnóstico mais tardio, na fase em que já há um nódulo palpável, não diminuiria a taxa de cura.


Faz sentido? Até faz. O grande desenvolvimento, na última década, da genética e da biologia molecular nos permitiu entender que tudo aquilo que antigamente era classificado simplesmente como câncer de mama é na verdade um grande grupo de doenças distintas e de comportamento variado. Existe câncer e câncer.


E o que isso implica em termos de prevenção de câncer de mama?


Precisamos lembrar que o enfoque do estudo é avaliar o impacto da mamografia sobre uma população inteira, não sobre indivíduos.


Simplificando, qualquer sistema de saúde, com seus recursos limitados, necessita aferir a eficácia de seus métodos de prevenção e diagnóstico precoce. O estudo não avaliou, por exemplo, se a mamografia permitiu que um número maior de mulheres realizasse cirurgias conservadoras da mama. E digamos que isso faz uma certa diferença.


A resposta virá da intersecção do estudo dos grandes grupos populacionais e das pequenas moléculas. Nesse meio tempo, deve prevalecer o bom senso. A cancerofobia, essa mania de se querer fazer escanear da cabeça aos pés rotineiramente, não serve para nada, mas ainda não temos informação para simplesmente abandonar nossos protocolos de prevenção.


Mamografia de rastreamento, sim. Apartir dos 40 anos, na maioria dos casos, mas com um pouco mais de senso crítico.


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