Ginecologia - Diário da Endometriose

Cólicas menstruais excessivas, dores pélvicas e dores durante a relação sexual são indícios que merecem investigação, mas fique tranquila, na grande maioria dos casos o tratamento não é cirúrgico.

Hoje em dia existem excelentes tratamentos clínicos que melhoram a dor e impedem a progressão da doença.

  • Dia 1:
    A cólica menstrual é uma das queixas mais comuns, não só no meu consultório, como em todos os centros de ginecologia. Na maioria dos casos diminui com medicamentos corriqueiros e uma bolsa de água quente sobre o ventre, mas nem sempre conseguimos contornar facilmente esse incômodo. Ele se torna intenso, com idas frequentes ao pronto socorro, além de dias de trabalho e lazer perdidos. Outras vezes, a cólica vem acompanhada de algum tipo de dor pélvica, principalmente no período ovulatório ou pré-menstrual. Alterações intestinais, urinárias, dores que irradiam para as pernas ou costas e, principalmente, a dor em profundidade na relação sexual.
  • Dia 2:
    A dor na relação sexual é um sintoma complexo. Em primeiro lugar, porque muitas situações físicas como: problemas intestinais, de coluna e musculatura pélvica, além de situações psíquicas, como: vaginismo e dificuldades na esfera sexual, podem ser o motivo do incômodo. Em segundo, na população LGBT, pode não estar presente pelo tipo de relação sexual. Já deixei de fazer diagnóstico por contar muito com esse sintoma como um termômetro de comprometimento da pelve. Uma dor esporádica pode ser normal, mas dores frequentes na relação sexual merecem uma investigação, mesmo que as nossas ferramentas para esse tipo de diagnóstico sejam longe de perfeitas.
  • Dia 3:
    Depois de alguma investigação chega o momento de pensar em endometriose, caracterizada pela presença de endométrio, o tecido que reveste o interior do útero, fora da cavidade uterina. O derramamento do endométrio em outros órgãos da pelve: trompas, ovários, intestinos e bexiga. Porque esse tecido vai parar fora do útero não será abordado aqui, inclusive pois não existe nenhuma resposta definitiva, apenas teorias. O fato é que a endometriose afeta em torno de 10 da população geral, chegando a 40 nas mulheres com infertilidade.
  • Dia 4:
    É nessa altura que começamos a nos deparar com os problemas. Os exames para diagnóstico da endometriose não são simples. O melhor exame é o ultrassom pélvico e transvaginal com preparo intestinal, um exame poderoso que exige radiologistas muito capacitados. Outra alternativa é a ressonância magnética de pelve, com os resultados em mãos podemos ter uma boa ideia se aquela mulher tem focos de endometriose, mas é sempre difícil afirmar que os mesmos estão relacionados às queixas. Fazer o diagnóstico precoce ajuda a gerenciar a ansiedade das mulheres, já que o termo e uma rápida espiada na internet pode tirar o sono e, tantas vezes, os sonhos maternos delas. Apesar dos métodos contraceptivos hormonais tornarem-se imensamente impopulares nas redes sociais, no caso da endometriose, suspender a menstruação através de DIU hormonal ou pílulas contínuas é fortemente recomendado.
  • Dia 5:
    A próxima questão é em que casos devemos sugerir a cirurgia. Quando temos relativa convicção de que os sintomas são causados pelas lesões vistas nos exames de imagem e eles não melhoram com tratamento hormonais, é hora de indicar. Ainda, se há infertilidade associada, ganhamos segurança extra. Porém, a taxa de retorno dos sintomas após 6-7 anos de tratamento é alta e o momento para realizar o procedimento tem que ser muito bem pensado. Nas pacientes mais jovens tendemos a privilegiar os tratamentos clínicos. A cirurgia tem como objetivo retirar o máximo de lesões, por isso pode haver necessidade de presença de outros especialistas: urologista e cirurgião gastrointestinal, quando há comprometimento extenso de vias urinárias ou intestino.
  • Dia 6:
    A cirurgia. Na maioria dos casos a cirurgia de endometriose é feita por videolaparoscopia, permitindo uma alta precoce e o rápido retorno às atividades. No caso das lesões intestinais em que há necessidade de ressecções mais extensas a recuperação é mais lenta, com a reintrodução lenta e gradual da alimentação sólida. Apesar da via laparoscópica ser tranquila, é bom prever ao menos 2 semanas de repouso para garantir total recuperação. Como há bastante evidência de que os DIUs hormonais podem diminuir as recidivas, é bem comum que eles sejam inseridos no momento da cirurgia. Após 2 a 3 meses já é possível notar uma boa melhora dos sintomas.

Se esse minidiário te ajudou a entender melhor essa doença e ligou o botãozinho da atenção aí em você, me conta aqui.


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